O Nubank intensificou sua aposta no México e busca ampliar presença em um mercado de crédito estimado em mais de US$ 400 bilhões. A operação internacional foi capitalizada em cerca de US$ 1,4 bilhão em capital e é tratada como o principal motor de crescimento do banco digital fora do Brasil, com potencial de acelerar receitas nos próximos trimestres.
Mercado bilionário em disputa
Segundo dados divulgados pela Revista Exame, em junho de 2025 o sistema de crédito mexicano movimentava cerca de US$ 440 bilhões em empréstimos. Hoje, o Nubank detém apenas 1,2% desse segmento e 1,6% dos depósitos totais.
Apesar da fatia reduzida, a leitura do mercado é que existe espaço expressivo para expansão. Afinal, o país da América Central combina alta demanda por crédito com baixa bancarização, o que abre oportunidade para instituições digitais conquistarem terreno frente aos bancos tradicionais.
Crescimento acelerado do “Roxito”
Esse potencial já começa a se refletir na base de clientes. Conhecido pelos mexicanos como “Roxito”, o Nubank superou a marca de 6 milhões de usuários no país.
Embora o número esteja distante dos mais de 100 milhões no Brasil, a curva de crescimento é considerada acelerada e segue padrão semelhante ao início da operação brasileira em 2013: começar pelo cartão de crédito e, gradualmente, oferecer conta digital, empréstimos e investimentos.
O perfil demográfico também joga a favor. O México tem uma população majoritariamente jovem e cada vez mais conectada, mas ainda com mais da metade dos adultos sem conta bancária.
O acesso ao cartão de crédito é restrito e concentrado em poucos bancos. Esse contexto cria terreno fértil para soluções digitais mais baratas e convenientes — justamente o modelo que consolidou o Nubank como líder no Brasil.
Concorrência e regulação
O avanço, no entanto, não acontece em um mercado vazio. O setor continua altamente concentrado em grandes bancos, como BBVA e Santander, que dominam a oferta de crédito e depósitos. Além deles, as fintechs locais disputam o mesmo público, principalmente no consumo de crédito.
A regulação também impõe obstáculos. Embora o país tenha dado passos importantes na criação de um marco legal para as fintechs, a adaptação de modelos de negócio ao ambiente regulatório exige tempo e recursos.
O Nubank, no entanto, aposta na experiência adquirida no Brasil e na robustez de capital como diferenciais para superar essa etapa. Esse avanço, somado ao ambiente competitivo e regulatório, transforma a operação mexicana no maior teste de fôlego internacional da instituição.
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Teste para a expansão internacional
O desempenho da filial será decisivo para medir a capacidade de internacionalização do Nubank. Se conseguir replicar fora do Brasil a fórmula que o levou a conquistar mais de 100 milhões de clientes, o banco poderá abrir caminho para outros mercados da América Latina. Se tropeçar, por outro lado, ficará mais evidente até onde o modelo pode avançar.
A instituição sustenta essa aposta em três pilares: tecnologia própria, marca já consolidada e experiência em escalar operações em grande velocidade. Esses elementos podem transformar o mercado mexicano em sua segunda maior base de clientes.
Além disso, o ambiente local reforça essa visão. Trata-se de uma população jovem, cada vez mais conectada, mas ainda pouco incluída no sistema financeiro — uma combinação que cria espaço para soluções digitais ganharem protagonismo.










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