Os dividendos continuam sendo uma das formas mais tradicionais e seguras de atrair investidores para a bolsa brasileira. Em 2025, mesmo em meio às incertezas fiscais e à volatilidade do mercado, algumas companhias se destacaram ao devolver parte relevante de seus lucros aos acionistas.
Dados compilados pela própria B3 mostram que papéis de energia, seguros e construção figuram entre os maiores pagadores do ano, com dividend yields (DY) superiores a 9%.
Para quem acompanha o mercado, a lista reforça que, em momentos de juros elevados e inflação pressionada, a renda passiva ganha peso estratégico nas carteiras.
Mas também deixa um alerta: altos dividendos nem sempre significam uma empresa saudável no longo prazo. A seguir, veja as cinco ações que mais pagaram dividendos em 2025 e entenda o que há por trás de cada destaque.
1. BB Seguridade (BBSE3) – o destaque absoluto de 2025
A BB Seguridade, braço de seguros e previdência do Banco do Brasil, aparece no topo do ranking em praticamente todos os levantamentos do ano.
Com dividend yield acumulado em torno de 11,3%, a empresa reafirma sua posição como queridinha dos investidores de perfil conservador. O modelo de negócio da companhia é considerado resiliente, com receitas estáveis mesmo em cenários de oscilação econômica.
Além disso, a política de repasse de lucros sempre foi agressiva, transformando a ação em uma das favoritas de quem busca previsibilidade de proventos.
2. Unipar (UNIP6) – dividendos consistentes na indústria química
A Unipar, produtora de cloro, soda cáustica e PVC, figura entre os maiores pagadores de dividendos de 2025, com DY próximo de 9,9%. O desempenho reflete tanto a geração de caixa consistente quanto a política de distribuir uma parte significativa dos resultados.
O setor químico é altamente cíclico e sujeito à demanda industrial e ao câmbio. Ainda assim, a companhia tem mostrado regularidade nos pagamentos, o que reforça seu apelo entre investidores que buscam renda mesmo fora dos setores tradicionais.
3. Plano & Plano (PLPL3) – dividendos na construção civil
No setor de construção, a Plano & Plano aparece com um dividend yield de 9,6% em 2025. Apesar de o segmento ser bastante sensível a juros altos, a empresa conseguiu manter margens sólidas e distribuir valores generosos aos acionistas.
O caso chama atenção porque, em períodos de Selic elevada, empresas de construção costumam sofrer mais. A presença da PLPL3 no ranking mostra como nichos específicos dentro do setor podem continuar atrativos para quem busca dividendos robustos.
4. Direcional Engenharia (DIRR3) – foco em habitação popular rende frutos
Outra representante da construção civil no ranking, a Direcional Engenharia consolidou um DY próximo de 9,5% em 2025.
A companhia tem se beneficiado do foco em habitação de baixa renda, especialmente pelo programa Minha Casa Minha Vida, que garante demanda relativamente estável.
A estratégia permite que a empresa mantenha resultados consistentes, o que se reflete em proventos generosos.
O destaque também mostra como empresas com atuação em segmentos de maior necessidade social podem oferecer retorno financeiro relevante aos acionistas.
5. Itaúsa (ITSA4) – a gigante dos dividendos continua na lista
Holding que controla participações no Itaú Unibanco, Alpargatas e outros ativos, a Itaúsa mantém a tradição de forte pagadora de dividendos.
Em 2025, o DY ficou próximo de 9,2%, consolidando o papel como presença recorrente nas carteiras de quem busca renda recorrente.
Apesar de o Itaú representar a maior parte do resultado, a diversificação da holding e a solidez do setor bancário brasileiro ajudam a garantir previsibilidade de caixa. O histórico de décadas de pagamento consistente reforça a confiança do investidor.
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O que explica esse ranking em 2025?
O fato de cinco empresas de setores distintos aparecerem entre os maiores dividendos mostra que a distribuição de lucros não está restrita a bancos ou elétricas, como no passado.
A combinação de juros altos, câmbio volátil e demanda interna heterogênea levou companhias de perfis diferentes a devolver mais recursos ao acionista.
Além disso, muitas empresas adotaram políticas de dividendos agressivas para se manter atrativas em meio à concorrência de ativos de renda fixa, que continuam pagando juros elevados. Esse movimento ajuda a explicar DYs tão altos no acumulado do ano.
O investidor deve se guiar só por dividendos?
Embora atrativos, dividendos altos podem refletir, em alguns casos, baixa expectativa de crescimento ou até dificuldades para reinvestir lucros. No longo prazo, é essencial observar fundamentos como endividamento, margem de lucro e sustentabilidade do negócio.
Por outro lado, a estratégia de focar em empresas boas pagadoras pode equilibrar a carteira e garantir fluxo de renda periódica, algo cada vez mais valorizado pelos investidores brasileiros.
Por isso, o ranking das maiores pagadoras de dividendos de 2025 mostra uma fotografia interessante do mercado: setores variados, estratégias distintas e dividend yields generosos acima de 9%.
Para o investidor, fica a lição de que buscar renda passiva é válido, mas sempre aliado a uma análise cuidadosa da saúde financeira das companhias.