O governo federal excluiu 122 mil famílias do Bolsa Família em setembro, após nova rodada de cruzamentos de dados realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social. As exclusões atingiram beneficiários que ultrapassaram a renda per capita permitida, mantinham cadastros desatualizados no CadÚnico ou foram identificados em situações de fraude. Com os cortes, o programa encerrou o mês com 19,07 milhões de lares atendidos, abaixo dos 20,86 milhões registrados no início do ano.
Renda acima do teto lidera cortes
De acordo com relatório oficial, 45% das exclusões ocorreram porque a renda por pessoa superava R$ 218, valor máximo exigido para participação no programa.
Famílias que passaram a ter emprego formal ou acesso a outros auxílios não informados perderam automaticamente o benefício. Pela regra de transição, ainda é possível receber metade do valor por até 12 meses, desde que a renda não ultrapasse R$ 706 por pessoa.
Cadastros desatualizados bloqueiam famílias
A segunda principal causa de desligamento, que respondeu por 30% dos casos, foi a falta de atualização do Cadastro Único.
O procedimento, obrigatório a cada dois anos, exige registro de mudanças na composição familiar, como nascimentos, óbitos ou alterações de endereço. Famílias que não cumpriram a exigência tiveram o pagamento suspenso e, em seguida, o benefício cancelado.
Fraudes e unipessoais fictícios
Outros 15% dos cortes foram atribuídos a fraudes documentais, como cadastros duplicados ou informações falsas sobre vínculo de trabalho e patrimônio. Já 10% dos desligamentos envolveram alterações familiares não comunicadas, como separações ou novas uniões.
O ministério afirmou que intensificou o cruzamento de bases de dados para identificar irregularidades e eliminar cadastros fictícios, especialmente de famílias unipessoais criadas apenas para acessar o benefício.
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Benefício médio chega a R$ 682,22
Apesar da redução no número de beneficiários, o valor médio do Bolsa Família em setembro foi de R$ 682,22, o mais alto do ano.
O montante é formado pela parcela base de R$ 600 e adicionais de R$ 150 por criança até seis anos, R$ 50 por adolescente de sete a 18 anos, além de valores extras para gestantes e mães de bebês de até seis meses. Dependendo da composição familiar, o benefício pode ultrapassar R$ 1.000 por mês.
Impacto fiscal e redistribuição
Segundo o governo, as exclusões de setembro representaram economia de aproximadamente R$ 350 milhões, recursos que foram destinados à inclusão de novas famílias ao longo de 2025.
Até agora, 400 mil novos lares entraram no programa, substituindo beneficiários desligados por inconsistências.
Os cortes de setembro reforçam o rigor da checagem sobre o Bolsa Família. O programa terminou o mês com 19,07 milhões de famílias atendidas, quase dois milhões a menos do que no início do ano, em meio ao processo de verificação cadastral ampliado pelo governo.